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sexta-feira, 15 de março de 2013

Lembranças para esquecer


Eventualmente podemos vincular algumas experiências negativas do nosso passado com certos insucessos do presente, como se um fosse consequência do outro. Isso de fato pode ser verídico, mas mesmo assim, essa postura geralmente não se torna benéfica caso perdure e não produza nenhuma mudança para melhor. Podemos perceber ou não que fazemos isso, mas esta é uma ação relativamente comum em todos nós e vale a pena ser pensada.

Se nos fixamos em certos eventos antigos, nessa dinâmica de associação do passado negativo com uma atual falta de êxito, podemos nos fazer esquecer de algo claro, que tais acontecimentos não voltam mais, e que por isso, não podem mudar nem causar mudança. Com frequência, tornam-se uma preocupação à toa, um desperdício de tempo. E assim, muitas pessoas se desgastam às vezes por anos, reclamando dos infortúnios do passado, numa prática que não trará nenhum resultado positivo.

A cilada dessa atitude está justamente no fato de que não há nenhum resultado efetivo em se atribuir tal responsabilidade a fatos ou pessoas do passado. Na verdade, agindo assim corremos o risco de viver com a sensação de que tais eventos foram os culpados por nossos fracassos e decepções, o que pode inibir nossa vontade de atuar para melhorar os pontos que não deram certo. Além disso, reviver o passado dessa maneira não gera nenhuma resolução ou nova compreensão sobre os fatos, o que talvez seja necessário para termos uma assimilação mais elaborada deles para favorecer novos aprendizados e os incorporar.

Mas, se por um lado tudo que passou não se modificará mais, por outro, nós podemos mudar. Então, a questão é a se pensar é: é melhor vivermos acomodados com uma opinião que nos tira a responsabilidade de assumir uma mudança e nos devolve a um círculo vicioso de contínua queixa, ou assumirmos que apesar das experiências anteriores ruins e marcantes nós temos condições de evoluir?

O presente não tem este nome por acaso, é realmente uma dádiva. É nele onde a vida acontece e onde o futuro se faz. Dessa forma, se o presente não é o que desejamos, ao invés de remoermos o passado, podemos ver que temos no agora uma oportunidade para construir um futuro mais adequado ao que buscamos. Assim nos colocamos em ação e passamos a diminuir o ímpeto de reclamar já que vemos que, na prática, é inútil. Adotamos a ideia de pensar sobre o que deve ser feito com aquilo que temos e somos, e agora, vemos o passado como uma referência, uma fonte de aprendizado e inspiração.

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