Sou um
seguidor de um grande pensador bastante comentado. Procuro acompanhá-lo em seus
frequentes e admiráveis textos, e recentemente vivenciei algo curioso: o vi
perdendo a calma e sendo grosseiro, sem razão alguma, com um outro fã, ao que
logo em seguida pediu desculpa. O curioso dessa história foi que dias antes
assisti a uma filmagem recente dele em que discursava sobre a calma e
tolerância.
Ao meu
ver ele foi pego em uma clara incoerência, mas e daí? Essa experiência não me
frustrou e para mim não mudou em nada a visão que tenho dele (mas felizmente a
grosseria não foi em cima de mim, afinal, por mais que possamos compreender o
outro, acho que ninguém gosta de passar por uma situação dessas).
O fato
não me decepcionou porque o que o faz ser um grande intelectual, além de alguma
predisposição, é resumidamente, muito esforço e muita dedicação, de resto ele é
igual a qualquer outra pessoa, cheia de brilho em certos campos, mas também
cheia de pontos a melhorar.
Moral
da história: (não falarei de religiosidade) se quisermos seguir uma ideia
compartilhada, uma instituição, uma filosofia, um grupo de meditação, de
estudo, de arte marcial, seja lá do que for, talvez o melhor seja colocar nossa
fé em nós mesmos e não o professor / mentor, pois pessoas são pessoas e por
isso falham.
Se
identificarmos o líder como sendo a personificação do propósito que seguimos, o
propósito pode vir a baixo no eventual tropeço deste líder (valorosa lição de
vida que me foi dada por um amigo há uns 19 anos e que não a esqueço).
Talvez
não nos seja possível ou nem convenha (para não virarmos intrometidos) auxiliar
o outro, quando por ventura escorregar, mas sem dúvida podemos e devemos
auxiliar a nós mesmos se, ou, quando também acontecer de falharmos. Então,
nesse caso a fé pertence a nós e talvez não seja melhor entrega-la, pois sem
querer, o outro a pode danificar. E a falha pode não significar nada, como
nesse caso que contei, mas significará (erroneamente) se atribuirmos algo que
não existe a quem nós queremos seguir.
Penso
que a vida não é um caminho reto, cheio de passarinhos cantando e flores. Pode
ter passarinhos cantando e flores sim, mas a compreendo como cheia de curvas,
obstáculos e recomeços. Tudo isso não para os atormentar, mas para nos fazer
melhores em cada reestruturação de planos, em cada conserto de rota, em cada
superação e com a dádiva que é a chance de recomeçar quando caímos.
Mas
como disse, ainda bem que não fui eu que passei pela grosseria, se não, mesmo
pensando como descrevi, a conclusão da história poderia ser outra, afinal,
temos limites. Por isso penso que sempre devemos nos esforçar para expandir
nossa capacidade dia a dia.
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