A escolha sobre qual profissão seguir é, evidentemente, um dos grandes marcos de nossa vida. Afinal, é por meio do trabalho que nos tornamos membros ativos, produtivos e participantes da sociedade. Todos nós queremos fazer uma escolha apropriada, que gere benefícios tanto individuais como para nosso meio. Esta é uma escolha que quase sempre é tomada cedo. Em geral, é mais um desafio que surge durante a já conturbada fase da adolescência.
Durante a adolescência começamos o planejamento de nossa profissão, algo que pode definir toda uma trajetória de vida. Obviamente, alguns adolescentes desde sempre sabem qual rumo tomar, ou conseguem decidir sem grandes problemas.
Por outro lado, uma boa parte dos jovens fica bastante indecisa neste momento. Tal indecisão é normal, afinal ter certeza sobre qual profissão irá se dedicar não é simples, questionamentos vem à mente, tudo dará certo? Terei sucesso? Dinheiro? Aliás, escolher consiste em decidir por uma dentre pelo menos uma outra opção. Ou seja, começa aí a dificuldade desta escolha, porque quando se escolhe uma carreira, se escolhe também uma ou várias outras a abandonar, bem como, tudo o que elas lhe simbolizam.
Sobre isso, podemos apontar, conforme cita Bohoslavsky, um inevitável conflito gerado no jovem, uma vez que ele está em pleno processo de formação de sua identidade, e assim sendo, como ele pode decidir um papel profissional que exercerá, se sua própria identidade está sendo formada? É no mínimo confuso. Mas na verdade, devido ao ajustamento interno de papéis sociais da vida adulta que o adolescente já começa a incorporar, tal escolha também constitui o processo de construção de sua identidade. Ou seja, as duas coisas estão interligadas.
A dificuldade pela escolha também pode ser influenciada por outros fatores, como o fato de ser comum aos filhos se espelharem nos pais, os terem como referência e darem grande relevância às suas opiniões. Isto é muito positivo, mas se o jovem desejar uma determinada profissão e não encontrar apoio nos pais tenderá a ficar indeciso, inseguro. Esta situação pode se estender, inclusive por anos, sobretudo se ele escolher pelo que os pais queriam, sem estar convencido disto.
Pode acontecer também algo pior, a imposição das vontades dos pais. Não é sempre, mas em geral eles anseiam que seus filhos decidam por profissões já consagradas, mas independente de tudo, é fundamental o diálogo franco e a flexibilidade das duas partes para se chegar a um consenso, e sempre com respeito ao desejo do jovem.
O que o adolescente pode sempre ter em mente, é que a decisão que está prestes a tomar, não é necessariamente para a vida toda. A escolha direciona a carreira, mas ele continua com todas as possibilidades de fazer ajustes, adaptações, ou mesmo trocar de profissão.
É importante também observar que o sucesso e a realização profissional dependerão mais das ações que serão tomadas num segundo momento. É interessante escolher algo que tenha significado para o jovem, com o que acredite, que goste e queira se dedicar. Assim o trabalho se torna mais gratificante. Afinal, precisamos acima de tudo gostar do que fazemos, caso contrário, a qualidade de vida se compromete.
Bibliografia:
BOHOSLAVSKY, R. Orientação Vocacional: A Estratégia Clínica.10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
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